Na Solenidade de Todos os Santos
Mt 5, 1 – 12a
Para muitos, santo é aquele tipo de pessoa que vive
isolado do mundo, ainda que more nele, cumprindo todos os preceitos religiosos;
um exemplo de pessoa sobre quem projetamos todas as nossas maiores
expectativas. Alguém que jamais esperamos que erre. Um abençoado a quem
recorrermos que reze por nós quando precisamos. Contudo, não parece ser este o
modelo de santidade pregado por Jesus.
A cada época e local surgem os santos próprios na
história para dar continuidade ao ensinamento de seus diretores espirituais. Há
diversidade de santos tanta quantas forem diversas as circunstâncias da vida e
do lugar em que habitam. Nota curiosa esta de que, não só as mazelas, mas as
situações de cada tempo produzam no fiel uma resposta precisa de sua
espiritualidade ao mundo.
Ao longo de todas as épocas, cristãs ou não, mesmo
antes da Bíblia, quando ainda nem pensavam ou precisaram escrevê-la, sempre
houve santos e santas. Estes são elencados por Jesus como sendo os pobres, os aflitos,
os mansos, os injustiçados, os misericordiosos, os puros, os pacíficos, os
perseguidos e os difamados.
Quer saber se você é santo ou está no caminho da
santidade evangélica? Procure em qual dessas classes você se encontra hoje.
Alguns de nós se preocupam mais com o mérito da questão do que com a honra da
conquista. Colocam “o carro a diante dos bois”. Estão mais interessados nos
resultados do que nos meios para conquistá-los.
Não raro encontramos fieis que querem logo o Reino dos
Céus e o promovem a qualquer custo, como se competissem na sociedade. Há outros
que querem ser consolados instantaneamente, pois estão convencidos de que o seu
sofrimento é maior do que o dos outros; querem também possuir a terra antes de
ressuscitarem, pois seu pragmatismo é tão comercial que acumulam muitos bens.
Alguns querem ser saciados pois a sua insegurança advoga em causa própria e
fazem justiça com as próprias mãos; pregam o “venha a nós o vosso reino” mas
esquecem do ‘seja feita a Vossa vontade”. Ainda mais esperam misericórdia
porque sabem que já machucaram muitas pessoas. Eles dizem ver Deus, quando
apenas projetam seus devaneios cegos. Querem ser reconhecidos como filhos de
Deus, uma vez que aparecerem mais do o próprio Jesus.
Quantos desses aceitariam ser perseguidos por causa da
justiça ou tolerariam mentiras contra si, por causa de Jesus? O que é mesmo ser
santo nos dias de hoje? E como reconhecer um desses escolhidos? Como distinguir
os abençoados entre os bem sucedidos e os fracassados? Como reconhecer um
charlatão mentiroso e um autêntico discípulo de Jesus? Penso que o santo se
parecerá mais com o seus guia espiritual do que consigo mesmo, inclusive.
Os caminhos já foram indicados. Não quero aqui
inaugurar outra estrada. As setas apontam para a pobreza, aflição, mansidão,
injustiças, misericórdia, pureza, pacificidade, perseguição e difamação. Eu sei
que não é uma trilha fácil de se enveredar. Nenhuma delas é atrativa, creio que
nunca foram. Jesus as experimentou e conhecemos o seu fim. Porém urge que as
religiões repensem suas pregações e aonde querem chegar com elas. Revejam suas
decisões e posturas, desde os seus ministros aos seus adeptos, pois,
independente dos altares, os santos que caminham são cada vez menos vistos
entre nós, apesar do crescimento do número de fieis.
Desejo-lhe a coragem necessária para a santidade aquém
dos altares, sem a qual jamais haveriam santos.
Glória ao
Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...
Barra dos Coqueiros – SE, 01.11.2015
Pe. Adeilton Santana Nogueira
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