segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Intimidade


Achei hoje algo que há muito procurava e pensava estar perdido para sempre. Decidi compartilhar para que nunca mais se perca.

Este poema foi escrito diante do Santíssimo Sacramento, numa quinta-feira de adoração. Na verdade ele foi minha adoração, pois cada verso me vinha ao olhar Jesus sacramentado. O último verso foi mesmo no exato momento da bênção da bênção.


A INTIMIDADE


Ser o que não é

Ver o que não parece

Sentir o que não se percebe

Render-se ao mais frágil

Encantar-se com o pálido

Encontrar-se no disforme

O Tudo no nada

Todos em um só

No fragmento o completo

No pedaço todo inteiro

Num só a comunidade

Dos Três em unidade

Da inimizade és o escândalo

Da amizade a utopia

Ó sonho de comunhão

Ó real fraternidade

És da chegada o destino

E da partida o caminho

Na ira és ternura

E no erro a paz

No pecado consolo

Na tribulação refrigério

Para o contrito retorno

És a imagem do invisível

Perfume da manhã

Fino, cálido, sereno

Na vigília orvalho

No nascer exaltado

Não morrer assiado

Do vir anunciado

Entre os homens elevado

Ó abismo de carinho

Dos homens e mulheres

Suas almas o amante

Seus corpos sua carne

Eco dos meus ouvidos

Murmúrio... silêncio

Música, melodia

Letra, Verbo e harmonia

De minha ginga o bailado

Da minha volta a ciranda

Toque que me firma

Mão que me afaga

Ó presença saudosa

Ó ausência presente

Eternidade capturada

Pulso cordial

Dos santos impulso

Ó sangria dos mártires

Dos virgens a castidade

Ó Cristo consagração

Meu crisol

Da terra a partilha

Na água escassa fértil

Para todos o sol

Do cosmos o movimento

Imagem, semelhança e reflexo

Na injustiça compromisso

Da identidade transparência

No mundo participação

Do próximo fez-me seta

De mim não sou meta

Do Santíssimo a adoração

Com Jesus pus-me a caminho

Com a Trindade em dança

Em cruzes tranças

O fio de minha bênção

(Adeilton, 05.10.01)

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