Achei hoje algo que há muito procurava e pensava
estar perdido para sempre. Decidi compartilhar para que nunca mais se perca.
Este poema foi escrito diante do Santíssimo
Sacramento, numa quinta-feira de adoração. Na verdade ele foi minha adoração,
pois cada verso me vinha ao olhar Jesus sacramentado. O último verso foi mesmo
no exato momento da bênção da bênção.
A
INTIMIDADE
Ser o que não é
Ver o que não parece
Sentir o que não se percebe
Render-se ao mais frágil
Encantar-se com o pálido
Encontrar-se no disforme
O Tudo no nada
Todos em um só
No fragmento o completo
No pedaço todo inteiro
Num só a comunidade
Dos Três em unidade
Da inimizade és o escândalo
Da amizade a utopia
Ó sonho de comunhão
Ó real fraternidade
És da chegada o destino
E da partida o caminho
Na ira és ternura
E no erro a paz
No pecado consolo
Na tribulação refrigério
Para o contrito retorno
És a imagem do invisível
Perfume da manhã
Fino, cálido, sereno
Na vigília orvalho
No nascer exaltado
Não morrer assiado
Do vir anunciado
Entre os homens elevado
Ó abismo de carinho
Dos homens e mulheres
Suas almas o amante
Seus corpos sua carne
Eco dos meus ouvidos
Murmúrio... silêncio
Música, melodia
Letra, Verbo e harmonia
De minha ginga o bailado
Da minha volta a ciranda
Toque que me firma
Mão que me afaga
Ó presença saudosa
Ó ausência presente
Eternidade capturada
Pulso cordial
Dos santos impulso
Ó sangria dos mártires
Dos virgens a castidade
Ó Cristo consagração
Meu crisol
Da terra a partilha
Na água escassa fértil
Para todos o sol
Do cosmos o movimento
Imagem, semelhança e reflexo
Na injustiça compromisso
Da identidade transparência
No mundo participação
Do próximo fez-me seta
De mim não sou meta
Do Santíssimo a adoração
Com Jesus pus-me a caminho
Com a Trindade em dança
Em cruzes tranças
O fio de minha bênção
(Adeilton,
05.10.01)
Deus seja Bendito!
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