segunda-feira, 14 de julho de 2014

PODE SE MEDIR O AMOR?

PODE SE MEDIR O AMOR?

Com quanto amor a Virgem em pano meu bom mestre deitou,
E pela última vez lhe divisou?
Com quanto amor cada saliência da gruta não percebeu,
E todas as suas formas sorveu?

Com quanto amor aproximou-se do leito de repouso sombrio,
Daquele divino e humanamente desfigurado corpanzil?
Com quanto amor não lhe tocou a carne pela derradeira vez,
Antes de depositá-lo no sacrário da esperança, assim o fez?

Em quanto amor nos transformaremos no lugar em que o Verbo se calou?
Em quanto amor pode se converter quem silenciou?
Até onde pode alcanças o silêncio eloquente do Cristo sepultado?

Neste lugar sei que quero ser, onde meu Cristo houvera repousado!
Quero refugiar-me naquele que aqui dentro veio sepultar-se.
Quero chorar com os santos esta saudade e com eles este retorno ansiar.

Adeilton, 1999

Nenhum comentário:

Postar um comentário