segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

01. SER, ANGÚSTIA E MORTE: quem sabe um caminho de autenticidade!


Acredito que todos já falaram algum dia sobre essas três situações da vida: o ser, a angústia e a morte. Não precisa ser melancólico para tratar desses temas, seja em solitárias elucubrações ou em rodas de conversa, seja provocado por alguma catástrofe ou simplesmente pela grandeza e profundidade dessas palavras e suas respectivas situações existenciais. Quem nunca se perguntou sobre a própria vida, quem nunca se angustiou com algo ou alguém, quem nunca pensou na morte?

Mas desta vez venho pedir emprestado, ou melhor, tomo nas mãos do filósofo alemão Martin Heidegger e de suas ideias do ser humano como um ser-para-a-morte, assim como se fosse uma palavra só. Sua palavra aglutinada, ao leitor que não o leu, parece tétrica e pesarosa, algo do tipo depressivo, mas se trata do contrário, o que pretendemos apresentar nesta nova sequência de textos, onde parto da minha pesquisa de conclusão do curso de licenciatura em filosofia.

Há algum tempo já quis propor esta conversa com o leitor para simplificar esses conceitos aparentemente complicados e misteriosos ao pensador comum, como morte, angústia, nada. Longe de querer aumentar a melancolia da sociedade e justificar seus desvarios pretendemos, com o auxílio do filósofo que mais se dedicou nesses temas e pode apresentar uma saída pessoal, quiçá ajude a nós todos, através da tomada de consciência e de atitude.

Escolhi Martin Heidegger (1889 - 1976) pelos temas e por ser um dos principais nomes que se destacam na exposição da filosofia, nas correntes da fenomenologia e do existencialismo. O pensamento dele é, seguramente, um referencial na história da filosofia no Ocidente. Nestas reflexões que começaremos juntos, partiremos sempre do esclarecimento conceitual de Heidegger, ou seja, o que é para ele cada coisa que estaremos refletindo. Primeiro ele diz o que é, depois nós tentamos aplicar à nossa vida cotidiana e a nos questionar sobre suas ideias, se são relevantes para nós e se nos ajudam em alguma nova e boa compreensão daquilo que nos questiona. Para isto nos basearemos em sua obra principal, “Ser e Tempo”, sem deixar de folhear outras obras suas, bem como de seus comentadores. Desejamos, com isso, fazer uma reflexão sobre a analítica existencial da finitude, pois é, seguindo a linha de raciocínio de Heidegger, em vista do fim de tudo que se percebe o valor das coisas que o antecedem, inclusive o valor das coisas que vem depois do fim delas. Só digo que vale a pena pensar e escrever mais um pouco sobre o conceito de ser-para-a-morte, ao invés de congelar nele como se não nos dissesse nada além da morte do ser.

Caro leitor, nós iremos fazer um passeio no pensamento do filósofo Martin Heidegger; vamos dar uma volta em torno do conceito e das categorias do ser-para-a-morte, encontrando o aspecto positivo da angústia e da possibilidade da morte como inevitável, para a qual o ser existente possa se projetar e, assim, se abrir a uma existência autêntica, sendo senhor de si, que é a tomada de atitudes, suas escolhas e suas consequências.

Para chegar ao que se propõe nesta trajetória trataremos primeiro dos conceitos fundamentais da filosofia heideggeriana como: Ente, Ser Dasein, Existência, Mundo, Ser-no-Mundo e Ser-com-Outro. Será um encadeamento de conteúdos que vão tecendo o conceito principal de Ser-aí, o Dasein. Não se preocupe o leitor que estaremos caminhando e dialogando juntos com o nosso pensador. Serei apenas um guia, quem sabe um mordomo. Mais adiante entraremos no inevitável fenômeno de abertura do Ser, que para ele se chama Angústia. Fator fundamental para despertar a tomada de consciência, gera temor e medo, mas projeta o ser na transcendência e na morte que trataremos já nos últimos textos e reflexões. É nessa fase, a morte, entendida muito diferentemente do que apenas a morte corpórea, quando o homem pode sair da inautenticidade para a autenticidade. Quantas implicações em vida não despertará esta nova consciência de um ser-para-a-morte!

Por hora deixo apenas uma pergunta: como seria possível alcançar a autenticidade em vida, se esta, para Heidegger, é na morte, e a morte é o fim? Não se apresse em responder. Mas, pense mais um pouco. Contudo, para encontrar a resposta a esta pergunta angustiante será necessário também chegar ao fim, ao menos destes escritos. Assim espero, que ao final deste intento, todos sejamos mais autênticos e menos angustiados. Este é o principal motivo por que decidi recomeçar esta obra.

25 de janeiro de 2016


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