quarta-feira, 13 de maio de 2015

QUINTA NA CEIA DO SENHOR

Esses dias um amigo se referiu à Quarta-feira Santa e Quinta Maior, estranhei e expliquei que era o contrário. Depois justifiquei. A semana é santa porque é separada das outras, diferente, única e central. Esta é a semana toda santa. A que santifica as outras semanas. Uns dias são de fato maiores que os outros e os demais dias são tão santos que têm nomes compostos. Não é mais ferial ou sem sobrenome.

Quinta-feira é Santa ou da Ceia do Senhor, Sexta é da Paixão, sábado de Aleluia e domingo de Páscoa. Mas não esqueçamos que desde domingo passado, foi de Ramos, segunda e terça também foram Maiores. Mas por que saber esses nomes novos e diferentes de dias tão comuns e repetitivos ao longo do ano? Porque só uma vez lhes damos esses nomes?

Por que uma vez esses dias foram vividos de uma maneira única por uma pessoa irrepetível. A vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é que transformou e santificou cada dia dessa semana com o seu desfecho. Quem dela participa reencontra as intenções de Jesus e experimenta os seus sentimentos (Fl 2,5). Costumo dizer que a liturgia nos leva de volta ao tempo de Jesus. Hoje, por exemplo, é o dia da instituição da eucaristia. A ceia do Senhor, ou melhor, a sua última ceia. Ele não mais degustará outro alimento além deste pão e deste vinho que hoje são o seu corpo e sangue. Nas outras ceias ele não consagrou as sagradas espécies do pão e do vinho; ele não disse “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” (Lc 22,19).

A grandeza, importância e santidade de hoje só pode ser percebida em comunidade celebrante e na união das duas missas de hoje: a instituição do sacerdócio e a instituição da eucaristia. Ambas estão ligadas na vontade do Cristo de permanecer conosco fazendo aquilo que ele fez. A primeira renova as promessas de fidelidade, obediência e oração do clero e bênção dos óleos para celebração dos sacramentos. Por isso é muito significativo quando a segunda missa do dia é celebrada nas comunidades. O sacerdote continua a missão de Jesus, a mando do bispo e da igreja, ao lavar os pés da comunidade e distribuir generosamente o Corpo e Sangue de Cristo. Segundo o padroeiro dos padres, São João Maria Vianey, toda uma vida não é suficiente para compreender tão grande mistério de Jesus, nem a vida de um padre nem a de toda uma comunidade.

        Hoje é um dia muito belo e rico de significado para os cristãos, mas antes da meia noite todo ato se encerra com a procissão de fogaréu, quando os homens, no lugar dos soldados, encontram com o Cristo eucarístico recolhido em oração, e os fieis em adoração. Ali as portas da igreja se fecham em sinal de sua prisão. O Mestre nos foi tirado! Logo amanhã a igreja ficará fechada, nua e sem imagens, estejam elas cobertas ou escondidas. Assim seria a religião sem Cristo. Assim é uma fé em que Cristo está morto. Assim é uma igreja sem Deus... vazia e fechada. Mas sobre a Paixão de Cristo escreveremos amanhã...
02.04.2015

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